segunda-feira, 20 de junho de 2011

Relações comerciais entre Nordeste brasileiro e África



O relacionamento comercial entre Brasil África está na ordem do dia, principalmente quando percebemos que a maioria dos países africanos possui um parque fabril insuficiente, o que impulsiona um fluxo de importações crescentes, gera necessidade de industrialização e diversificação da economia, baseada hoje em recursos naturais.

O Brasil é um grande fornecedor de matérias primas e produtos industrializados em condições de atender as demandas africanas, desde que se utilize inteligência comercial, estratégias de acesso e manutenção de mercados e adequação de produtos, diferenciando assim da concorrência. É nesse contexto que defendemos uma participação efetiva do Nordeste nas exportações brasileiras e apostamos que o destino “África” é uma alternativa extremamente viável, operacionalmente possível e estrategicamente acertada.

A logística é um “gargalo” nesta relação, mas estudos estão sendo desenvolvidos para mitigar estas questões e encontrar saídas viáveis. Hoje, vários dos países africanos estão no radar comercial brasileiro, sendo que cada um deles tem características próprias, línguas diversas, culturas distintas, o que torna absolutamente necessário um perfeito entendimento destas disparidades.

O fluxo comercial de exportações do Brasil para África no período entre 2008 e 2010 foi em média de US$ 9,3 bilhões ao ano, aproximadamente 5,1% no total das exportações brasileiras. Apesar do decréscimo entre 2008 e 2009, por conta da crise financeira internacional, o País se recuperou atingindo um crescimento de 7% em 2010. Fazendo um comparativo do primeiro trimestre de 2011 com o primeiro trimestre de 2010 das exportações brasileiras para o continente africano, acreditamos que 2011 será de grande crescimento para o Brasil, pois foram exportados US$ 2,5 milhões contra US$ 1,8 milhão em 2010.

O Brasil possui uma vasta pauta de exportações para a África, mas vale destacar os três principais grupos: açúcares e produtos de confeitaria, carnes, veículos automóveis e suas partes, representando 48% de todas as exportações brasileiras, com aproximadamente US$ 13,5 bilhões desde 2008. Os estados nordestinos exportaram juntos, no mesmo período, US$ 1,48 bilhão. O Ceará entre os anos de 2008 e 2010 exportou para o mundo US$ 3,6 bilhões dos quais US$ 122 milhões tiveram como destino a África. Pernambuco exportou US$ 2,8 bilhões para o mundo e US$ 388 milhões para a África.

Dentre as principais importações da África, o Nordeste do Brasil merece destaque em móveis e mobiliário, onde o Ceará ocupou a primeira posição nas exportações nordestinas para a África com US$ 1,9 milhão, Bahia foi o segundo e Pernambuco o terceiro. Em calçados também se destacou em primeiro com US$ 24,1 milhões, Paraíba, Bahia e Pernambuco na sequência. Em confecções e moda, Pernambuco ocupou a melhor posição com US$ 5,3 milhões, Bahia em segundo e depois Alagoas e Ceará. Os números e o cardápio estão postos, quem se habilita?

Roberto Marinho
robertomarinho@cearabratebrasil.com.br
Diretor da Ceará Trade Brasil e presidente da Câmara de Comércio Brasil Angola

segunda-feira, 30 de maio de 2011

CBA-CE e SEBRAE promovem encontro de apresentação de oportunidades na África

O primeiro aniversário da Câmara Brasil Angola no Ceará e a Instalação da Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil Moçambique (Regional Nordeste) foram comemorados no último dia 20 de maio, durante Café da Manhã de apresentação de feiras e oportunidades da África. O evento teve o apoio da Câmara Brasil-Portugal no Ceará (CBP-CE).

Durante o evento, Susana Pereira, diretora de Feiras da FILDA – Feira Internacional de Luanda, e Luís Cardoso, presidente do Conselho de Administração da FIC – Feira Internacional de Cabo Verde, citaram a admiração dos seus países pelo Brasil. De acordo com eles, há um forte interesse por produtos brasileiros, a presença significativa de nossas novelas ditando moda e a disposição para parcerias e acordos de cooperação.

No encontro, que foi promovido pela Câmara Brasil Angola no Ceará em parceria com o Sebrae/CE e apoio da CBP-CE,  além da Câmara de Comércio Indústria e Agropecuária Brasil Moçambique no Ceará, Panificadora Nogueira, Panificadora Vovó Joana, Ceará Trade Brasil e Grupo de Comunicação O Povo, foram definidas as bases para breve assinatura de acordos de cooperação das Feiras de Cabo Verde e Angola com as Câmaras Brasil Angola e Brasil-Portugal no Ceará, que trazem condições especiais de participação e exposição nas respectivas feiras.

O recém empossado gerente regional da Câmara de Comércio Indústria e Agropecuária Brasil Moçambique no Ceará, Roberto Marinho, apresentou ainda o painel Moçambique com informações de mercado, ambiência, principais produtos exportados e importados e de interesse imediato com oportunidades para empresários brasileiros que desejarem constituir parcerias, indústrias ou empresas comerciais em Moçambique. “Lá o interesse pelo Brasil também é grande e embora esteja do outro lado da África, banhado pelo Oceano Índico, a presença das telenovelas brasileiras é representativa e dita moda e comportamentos”, explica o gerente.
Redação: Natália Teixeira
Jornalista Responsável: Paulo Jr. Pinheiro (MET 1785/CE)
Caramelo Comunicação (55 85) 3244-6728

terça-feira, 26 de abril de 2011

O desafio do mercado internacional




No Brasil, as micros e pequenas empresas (MPEs) representam aproximadamente 95% das empresas formais, empregam 52% das pessoas ocupadas e contribuem com 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Daí a importância delas no aumento da participação brasileira no comércio internacional, hoje pouco superior a 1%.

A internacionalização das MPEs do Brasil é um desafio que será vencido através de um amplo esforço coletivo, que por meio de vários programas e ações, viabilizarão a exportação de produtos e serviços originados das MPEs, a exemplo do que é feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) através do Projeto de Internacionalização.

A saída é dotar as MPEs de conhecimento internacional e capacidade de inovação, flexibilidade e cooperação dos agentes de governo que induz a internacionalização das empresas, a expansão dos negócios e o ganho de competitividade. Isso resulta em maior solidez no mercado interno, criando um círculo virtuoso para as empresas e para o País. Observa-se que há uma relação muito forte entre inovar, internacionalizar, crescer, ganhar competitividade e se posicionar melhor no mercado interno. Para isso é necessário também crédito diferenciado, considerando as características das operações e das empresas.

O Brasil ocupa hoje um lugar de destaque no radar internacional, porém é necessário que as MPEs estejam preparadas para o surgimento de inúmeras oportunidades, onde a velocidade de adaptação aos acontecimentos e o entendimento das especificidades de cada país é que vão ditar o sucesso.

No início de sua internacionalização, as MPEs podem lançar mão da exportação indireta, através de parcerias sólidas com comerciais exportadoras. A Apex lançou em 2008 o projeto Tradings do Brasil visando dar maior credibilidade à relação das empresas com as comerciais exportadoras do Brasil. Estas parcerias não eliminam a necessidade de a empresa apostar no aprendizado contínuo, no treinamento especializado no produto e no mercado e no controle dos custos. A participação nas Câmaras de Comércio bilaterais ampliam o leque de informações e são fundamentais na interação com governos, empresários e sociedade.

É extremamente importante a aprovação das mudanças no Supersimples permitindo que os valores com exportações possam superar os limites impostos pelo sistema de tributação até o teto de R$ 7,2 milhões anuais. Isto fará com que se amplie a participação das PMEs no mercado externo, pois desonera a exportação e diminui o custo dos produtos, minimizando os efeitos do câmbio que tornou o real supervalorizado frente ao dólar. Hoje, das quase cinco milhões de empresas enquadradas no Supersimples, só 12 mil exportam.

A criação do Ministério da Micro e Pequena Empresa, o reforço das ações do Sebrae, órgãos de fomento às exportações, Câmaras de Comércio e Empresários, reforçarão a inserção e manutenção desta grande força de trabalho no mercado internacional, aproveitando assim o excelente momento que o Brasil vive no radar mundial dos negócios.

Roberto Marinho - Diretor da Ceará Trade Brasil e presidente da Câmara de Comércio Brasil Angola (CE).